sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Reportagem reforça opinião sobre financiamento eleitoral por empreiteiras

Matéria publicada na quinta-feira (02/12) pelo Estadão reforça a opinião que emiti ontem a respeito da participação das empreiteiras de obras públicas no financiamento eleitoral.

Leia:

O Estado de S. Paulo, 2 de dezembro de 2010, p. A-4

" Empreiteiras que contribuíram receberam R$ 1,2 bi em obras

Ao menos 12 empreiteiras e construtoras que doaram para a campanha da presidente eleita Dilma Rousseff (PT) são fornecedoras do governo federal. Só em 2010, receberam, por ora, R$ 1,247 bilhão. Juntas, doaram R$ 28,4 milhões ao comitê da petista ou ao seu partido.
         Nenhum outro setor econômico recebe tanto dinheiro do governo federal. Isso dá pistas da razão pela qual o segmento de construção foi o que mais contribuiu para a campanha de Dilma. Foi responsável por um em cada quatro reais que entraram nas contas do comitê.
         A Construtora Andrade Gutierrez, por exemplo, doou R$ 5,1 milhões ao Comitê Financeiro nacional para Presidente da República, administrado pelo PT. Recebeu, apenas em 2010, R$ 391 milhões do governo federal, principalmente pelas obras da Ferrovia Norte-Sul.
         A Camargo Correa doou R$ 8 milhões à campanha de Dilma. Recebeu até hoje R$ 99 milhões do governo federal, pela construção da Norte-Sul e por obras de irrigação. Tem mais a receber, como pelas eclusas da usina hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, inauguradas esta semana por Lula e Dilma.
         Outro grupo que fez doações expressivas à campanha vendedora foi o Queiroz Galvão. Doou R$ 2 milhões. Recebeu, em 2010, R$ 206 milhões do governo federal, por obras rodoviárias, de irrigação e pela ferrovia Norte-Sul.
         Já a Galvão Engenharia, que pertence a um grupo de sócios que dividem o mesmo sobrenome que a Queiroz Galvão, também aportou R$ 2 milhões na campanha da petista. As verbas federais recebidas até novembro pela empresa somam R$ 162 milhões, por obras rodoviárias.
         Também doaram e receberam: ARG Ltda (R$ 2 milhões doados; R$ 21 milhões recebidos), Serveng Civilsan (R$ 2 milhões / R$ 24 milhões), Mendes Junior (R$ 1 milhão / R$ 19 milhões) Norberto Odebrecht (R$ 1 milhão / R$ 24 milhões), CR Almeida (R$ 1 milhão / R$ 28 milhões), Construcap (R$ 700 mil / R$ 64 milhões) e Carioca Engenharia (R$ 600 mil / R$ 177 milhões). Esta última mostra que não há uma correlação entre o valor doado e o recebido.
         Todas as doações são legais e registradas no TSE. Não há, necessariamente, relação de causa e efeito entre doações e recebimento de verbas públicas. O levantamento prova apenas que as doadoras têm interesse financeiro em manter boa relação com o futuro presidente, seja ele quem for."