domingo, 24 de maio de 2015

Brasil: Ministério Público Eleitoral recorre ao STF contra arquivamento pelo TSE das prestações de contas de partidos políticos anteriores a 2009

Aqui no blog, em posts de 29 de setembro e de 16 de outubro de 2014, criticamos a decisão do TSE de autorizar o arquivamento dos processos de prestações de contas de partidos políticos apresentadas antes de 2009.
            Agora o UOL informa que, depois de ter recorrido ao próprio TSE contra o arquivamento por decisão monocrática de cada uma das prestações de contas, e de ter o TSE mantido a sua decisão, a Procuradoria-Geral Eleitoral recorre agora ao STF requerendo que a prescrição seja afastada e que as contas sejam julgadas.
Segundo o UOL, desde o final de abril a PGE tem levado as questões ao Supremo. Já chegaram ao Tribunal ao menos três pedidos para desarquivar prestações de contas –  do PV, do PRB e do extinto PFL, atual DEM.
O principal argumento invocado pela PGE contra a decisão do TSE que determinou o arquivamento das contas é que partidos políticos com prestações de contas anteriores a 2009 ficaram livres de arcar com multas e devolução de valores ao Fundo Partidário. O UOL informa que na época, o vice-procurador-geral Eleitoral, Eugênio Aragão, calculou em entrevista que as perdas com a decisão poderiam superar o montante de R$ 30 milhões, sem incluir a correção monetária.
Segundo o UOL, para o Ministério Público, o TSE retirou do ordenamento o "único instrumento hábil para se obter a recomposição do dano ao erário, pretensão sabidamente imprescritível"."A prestação de contas dos recursos arrecadados e gastos efetuados pelos partidos políticos é um dos pressupostos basilares da vida partidária, objetiva a fiscalização da origem e destinação dos recursos obtidos pelas agremiações e visa garantir que atuem de acordo com o interesse público e o pleno exercício da democracia. Portanto, qualquer iniciativa que impossibilite o exame da prestação de contas deve ser reputada inconstitucional", argumenta o vice-procurador-geral eleitoral ao STF segundo matéria do UOL.

A mesma matéria informa que o Ministério Público irá levar ao Supremo também o caso das contas do PT de 2008, beneficiadas pela decisão do TSE. Há 15 dias, a Corte Eleitoral rejeitou o último recurso do Ministério Público Eleitoral pedindo que o caso não fosse arquivado. Na prestação de contas do partido foram identificados problemas em pagamentos feitos ao publicitário Marcos Valério de Souza. A decisão do TSE liberou os petistas de arcarem com a devolução de cerca de R$ 3,3 milhões aos cofres públicos em razão de irregularidades nas prestações de contas de 2008. Além de PT, PV, PRB e DEM, foram beneficiados pela medida, segundo levantamento da procuradoria, PSDB, PTC, PPS, PSOL, PTB, PTN, PTdoB, PR, PRTB, PSL e PSDC.