Observadores qualificados da política
norte-americana têm demonstrado que a obsessão do presidente Donald Trump pela ideia
de que a eleição popular em que saiu derrotado por Hillary Clinton por mais de
3 milhões de votos foi fraudada, quando seus próprios advogados já reconheceram
que não há indícios de fraude significativa na eleição de 2016, não se baseia
em fatos, mas em “fatos alternativos” – isto é, mentiras, que só servem para
sinalizar aos legisladores Republicanos por todo o país que devem continuar
seus esforços para restringir o direito de voto, em especial de minorias
raciais e de jovens, como temos visto aqui no blog.
De
fato, desde o julgamento da Suprema Corte no caso Shelby County v. Holder, em 2013, tribunais norte-americanos têm
decidido que estados como Carolina do Norte, Texas e Wisconsin editaram leis
tornando mais difícil para eleitores negros exercerem seu direito de voto, sempre
com o pretexto de evitar fraudes.
Exemplo
disso é a decisão da Corte de Apelações do Quarto Circuito, que reconheceu que
a lei eleitoral editada pela Carolina do Norte logo após a decisão Shelby
County, e supostamente destinada a prevenir a ocorrência de fraudes, tinha na
verdade por alvo o eleitorado afro-descendente com “precisão cirúrgica”.
As
declarações do presidente têm o propósito de estimular os estados que estão
cogitando editar leis assim a fazerem isso agora, o que exige uma ampla
mobilização contrária da sociedade norte-americana e do mundo.